Bolo de fubá cremoso

Nem toda infância tem cheiro de bolo saindo do forno. Nem toda história começa com fogueira acesa e bandeirinhas no quintal. Mas a cozinha tem esse poder bonito de criar memórias que não existiram, de preencher espaços em branco com aroma de fubá, aconchego e um café passado na hora.

Quando penso em festa junina, penso no que teria sido uma infância cheia de risadas ao redor da mesa, com o som da sanfona ao fundo e mãos miúdas pegando o primeiro pedaço do bolo ainda quente. Penso na casa com varanda, no vestido de chita, nas cores vivas e na simplicidade feliz dos detalhes.

Talvez por isso cozinhar, pra mim, seja também um exercício de imaginação. Cada receita que preparo é uma tentativa de costurar uma história que não vivi, mas que hoje posso escrever com as mãos e com os sentidos. E esse bolo de fubá cremoso é um desses capítulos — doce, macio, com a textura de um afeto inventado, mas profundamente verdadeiro.

Esse não é um bolo qualquer. Ele entra no forno como líquido e sai como mágica: com três camadas distintas — firme embaixo, quase pudim no meio, delicado no topo. Parece receita antiga de avó, mas das lembranças que tenho, minha avó paterna fazia "pau-a-pique": um bolinho de fubá individual, assado na folha de bananeira... mas isso será tema de uma outra receita... Esse bolo de fubá cremoso é a receita da felicidade (que hoje vivo)!

Rende 2 formas médias (usei aquelas formas de pão)

-4 ovos (180g)

-800g de leite

-80g de margarina ou manteiga (em temperatura ambiente)

-500g de açúcar refinado

-150g de fubá mimoso

-80g de farinha de trigo

-20g de fermento químico em pó

No liquidificador, bata os ovos, o leite, o fubá e a margarina por 1 minuto.Adicione o açúcar e bata por mais 1 minuto.Transfira a mistura para um bowl.Incorpore a farinha de trigo peneirada e, por último, o fermento.

Divida a massa em duas formas untadas com desmoldante (ou manteiga e fubá).Leve ao forno pré-aquecido a 180 °C por cerca de 45 minutos, ou até que esteja dourado por cima, mas ainda levemente tremeluzente no centro.

Imagine uma tarde fria de junho, uma toalha xadrez, uma caneca de café quentinho. E mesmo que tudo isso não tenha sido parte do seu passado, pode muito bem ser parte do seu presente — criado por você, à sua maneira.

Porque reinventar a própria história também é um ato de coragem e de criação. E cada receita é um convite pra isso.